Juliana Sinimbú é uma cantora que me chama a atenção no cenário da música paraense atual. Os motivos são fáceis de enumerar sem muita reflexão. Sua presença, de palco e de espírito; Sua elegância, visual e sonora; sua capacidade de interpretação de letras significativas; sua voz que parece ter cor.
Os elogios não são gratuitos e são resultado de um concerto que assisti na qual ela tocava com músicos de Jazz da noite paraense, no Baiacool, quando ainda era próximo a praça do Arsenal e quando eu ainda morava em Belém.
Eram músicas improvisadas, nas quais Juliana não se perdia no meio das alucinações dos músicos; ela simplesmente se encontrava, e me encontrava junto, pois era isso que eu esperava de uma cantora e de um grupo de música, e era isso que há muito tempo não tinha a satisfação de ouvir.
O concerto, até onde sei, não ficou registrado senão na minha memória e em minhas palavras, mas basta para saber que a qualidade ímpar de Juliana se tornou uma boa amizade que cultivamos tecnologicamente pela internet.
Eu descobri que morávamos próximos, e ela que eu era pianista; nos encontramos e trocamos algumas poucas ideias sobre música e outras opiniões. Enfim, quando fiquei sabendo que Juliana lançaria esse ano o seu primeiro disco, não pude perder a oportunidade de investigar sobre o seu trabalho.
Consegui uma entrevista à distância com ela, eu no Rio de Janeiro, graças à um Gentil convite de minha amiga Ângela Bazzoni para a oportunidade de escrever para a coluna de música no Diário do Pará Online.
O leitor pode, então, saber mais detalhes sobre a cantora que já é bem destacada no cenário artístico paraense. Muito simpática e gentil Juliana respondeu a algumas perguntas sobre o seu trabalho e sobre projetos para o futuro.
- Percebo que você está envolvida com uma nova safra da música paraense interessada em produzir músicas autorais e você é um dos ícones que tem se destacado. Como é fazer parte deste movimento tão vivo na cidade?
Juliana Sinimbú: É uma honra poder interpretar canções tão bacanas e bonitas dessa safra de novos compositores paraenses. Isso mostra cada vez mais que o Brasil é miscigenado e daqui saem sambas, baiões, valsas e música de ritmos tipicamente paraenses.
Assumir de certa forma uma posição de linha de frente desse movimento, ao mesmo tempo em que é uma responsabilidade sem tamanho, sim, é uma grande alegria.
- Qual a proposta do seu novo disco?
JS: A proposta do disco foi a princípio pesquisar os principais ritmos latino-americanos e os misturar numa só canção, dando células interessantes e de sonoridade inovadora. No mais, resolvemos colocar “entreatos” (entre músicas) com vinhetas bem interessantes, dando naturalmente uma sensação de roteiro sonoro. Vale lembrar que o disco está em fase de mixagem.
- E quais compositores você escolheu para brindar seu trabalho? Foi difícil o trabalho de seleção das músicas? Comente um pouco.
JS: De compositores daqui, os que sempre admirei e agora tenho a honra de os gravar: Renato Torres , Leandro Dias , Jorge Andrade, Dand M. ,Carla Cabral , Arthur Espíndola , Felipe Cordeiro, etc. De fora de Belém , dois compositores paulistas, dois baianos, Chico Buarque e Arnaldo Antunes. Quanto ao processo de seleção, é sempre difícil. No meu caso, sai de 120 músicas, pulei pra 50 e finalizei as 13, certamente cometendo algumas “injustiças” de tirar músicas maravilhosas, mas que naturalmente não caberiam no contexto.
- Como está sendo a recepção do público paraense para com as novas músicas, tem tocado nos seus shows mais recentes elas?
JS: O público recebe muito bem tudo o que eu aviso que faz parte do CD. Ficam curiosos perguntando quando será o lançamento.
- Como será e quando o lançamento do seu primeiro trabalho independente?
JS: A previsão é pra ser lançado em junho. Serão feitos dois shows de lançamento do disco, ainda com data e local indefinidos.
- Quais são os seus projetos, então, para esse ano?
JS: Lançar o disco, divulgar por aqui, Macapá e Manaus. Depois, passar uma temporada de estudos musicais no Rio de Janeiro.
- Muito Obrigado pela participação e parabéns pelo trabalho que vem realizando, sempre fui um grande fã seu.
Obrigado aos leitores do mundo virtual, e até o próximo artigo. Abraços sonoros!
Rodrigo Nunes de Souza
Fonte: Diário do Pará
22/03/2010